Uma Simples Citação, familiar a tantos
Uma simples citação bailou na minha memória no início deste domingo. É impressionante o poder das palavras e das frases que se dizem e escrevem em determinados momentos da vida.
Decorre o século XXI, a frase é do século XIX.
Por incrível que possa parecer continua actual, tão actual que é território de todos, isto é, conhecida e dita por muitos dos que me rodeiam.
Dita de quando em quando, em certas curvas apertadas do percurso da vida, tornou-se como uma nossa familiar. E mesmo aqueles que não têm a tendência ou o hábito enraízado de usá-la, conhecem-na.
Foi precisamente com esse frase que comecei o meu dia, sabe-se lá porquê. O funcionamento da memória permanece um enorme mistério para mim. A frase é esta:
O que não me mata torna-me mais forte.
em [O Crepúsculo dos Ídolos – Máximas e Sátiras, 8]
– Friedrich Nietzsche
Desde muito cedo interessei-me por filosofia. De Heraclito de Éfeso fixei uma citação, que me pareceu tão lógica e brilhante que jamais a esqueci.
“Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio…”
Mas voltando à minha frase matinal, lamento mas não estou totalmente de acordo com ela. Parece-me que nunca estive…
Na minha opinião O que não nos mata, torna-nos mais tristes, amorfos. Quem entendeu que o meu propósito na vida era ficar mais forte, desengane-se. No mundo, uns são fortes, outros são fracos e outros andam ali pelo meio. Todos estamos por aqui e a Terra gira na sua órbita, indiferente.
O propósito maior de um ser humano é viver, manter-se são e ser feliz. A felicidade, o ter aquele tal indescritível brilho nos olhos e garra, leia-se entusiasmo, na vida, isso sim faz sentido. É uma mais valia para qualquer um.
Se eu compreendo o poder da tal frase de Friedrich? Sim, obviamente que sim. Até eu, às vezes, distraidamente, também a utilizo, quando me faltam as palavras certas de apoio a alguém.
Agora, aprender a manter um nível aceitável de ânimo e de felicidade após uma mudança não solicitada de vida, é dos diabos. Há que pensar que o impossível está na gaveta dos fundos, a gaveta está fechada e não se sabe da chave. Portanto, obrigatoriamente terá de ser possível.
O meu horizonte está tal e qual como o dia de hoje, nublado, encoberto. Não consigo vislumbrar adiante a estrada, que estrada, que caminho.
Isto não é de todo preocupante: hoje o céu está encoberto, mas amanhã o dia será de sol.
Quanto a força, não estou a procurá-la. Estou na demanda de entusiasmo.
Um certo clique de um qualquer botão de um comando, ainda não localizado, vai abrir a cortina automática de uma janelita pequena e deixar-me ver o território diminuto e térreo onde estão duas sementes: a semente do entusiasmo e a sementinha de uma outra estirpe de felicidade.
- É domingo! Bom domingo!
–